quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Habitantes dos outros





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Estes dias, em uma palestra em uma escola, fui indagada sobre o sentido da vida. Tal pergunta realmente me fez pensar sobre o que tenho feito de bacana nesta terra e de que forma tenho contribuído para que este mundo, no qual habito, seja, substancialmente, melhor. Sem dúvida, fico pensando que, como “ bons” mortais, devemos tocar em outras existências.
Devemos passar as frestas e chegar na essência daquele que é tão igual e diferente a nós. Precisamos, com urgência, chegar ao outro, tocar as mais preciosas esferas do coração. E isto não requer de nós equações complexas ou achados de numerologia, apenas que sejamos mais humanos, com menos máscaras e cascas.
Ter empatia, ser altruísta, resiliente, amor ao próximo, generosidade constituem ações de aproximar-se, permitir que a estrela vinda dos olhos e pousada no coração apareça, resplandeça. Somos muito especiais , carregamos muita poesia na nossa vida e história.
Cada um traz consigo uma riqueza de vida, tantos desafios vencidos, dilemas instaurados e ressignificados, alicerces vigorados, enfim, há uma beleza no outro exclusiva e que, de forma ímpar, podemos trazer à tona.
Sou agraciada porque tenho a literatura, a arte que somente ganha corpo e lindeza quando consegue atingir ao indivíduo, quando provoca um estranhamento, uma sensação, indispensáveis para que signifiquemos a vida e o nosso papel diante de milhões de pessoas.
Tocar e permanecer naquele, sustentando sua alteridade, é indispensável para que continuemos acreditar na esperança, para que continuemos enfeitar as janelas com flores, para que o sol aqueça as mais frias tardes e haja crença nas situações, ainda que soturnas.
A admiração no humano e toda sua construção nos dão a possibilidade de veredas e vertentes lubrificadas de respeito, amor e persistência. O querer ao outro, o desejar bem e fomentar sua expansão devem proliferar em nós, em nossas concepções de humanidade. Sem isso, nossa condição de existir sofrerá de raquitismo, e seremos, unicamente, ruínas e desertos.
É isso! Precisamos viver no outro, habitar suas margens, reverenciar suas matizes, poetizar seus universos. Na vivência alheia, plantamos o melhor de nós, trazemos flores e árvores, livros e edições, tão fantásticas que também mudam o curso de nossa história. Respondendo quem me fez a pergunta acerca do sentido da minha existência, acredito que minha vida requer, também, o sonho e a mundividência daquele que me toca e mora em mim.