Amor humano
Tenho
visto depositadas nas mídias sociais milhares de histórias de barbáries e
atrocidades cometidas pelos seres humanos contra seu igual. Tais eventos
causam-me, e sei que no leitor também, uma repulsa imensurável, uma náusea
extasiante em saber que um ser, igual a mim, é capaz de tamanha maldade. E, reitero, uma lacuna de
dor profunda quando vejo que estamos disseminando notícias assim. Por isso,
como gosto de ir “ contra a maré”, na linha contrária ( graças a Deus) quero
preencher meus textos com a belezura da humanidade, claro, sem nenhuma
alienação.
E
não há nada mais encantador que falar do amor supremo. Não simplesmente amor
carnalizado, mas do sentimento que mobiliza a humanidade continuar existindo e, mais ainda, resistindo.
O amor que move nosso olhar para o mundo, que nos mobiliza em ser cordial com o
outro, que promove nossa produção no trabalho, que nos faz querer rir com os
amigos e desejar muito voltar para casa.
Falo do amor que faz nos aproximar de Deus e querer sempre agradecer,
reverenciando a fenomenal beleza de sua criação.
Os gregos abordam o amor ágape, o qual se
refere ao amor supremo divino, mas também a nossa capacidade em praticar, em
partículas, e em nossas imperfeições, com a família e demais grupos com
afinidades. Ainda, tem-se o amor philia, a afeição entre amigos e o eros,
referente ao amor carnal e romântico. Todas estas formas revelam nossa
capacidade irresistível de amar e querer ser amado para que consigamos não só
respirar como também delirar em nossas conquistas e viver o gozo da vida.
Já
poetizava Adélia que o amor, de verdade, não cria ilusão e sim esperança ( Amor feinho). E é desse amor que
precisamos e muitos de nós agonizam para isso. Nós precisamos do amor divino e
do humano. Nossos corpos e alma têm fome disso; grita diariamente. Somos carne,
osso e amor. Não há universo científico, não há hemisférios galáxios e
vertentes filosóficas sem adentrar as facetas do amor; de um amor que se
encanta com um achado, que se desgoverna com um pensamento e reflexão e se
amplia, com um amor que é estendido na mão calejada e sofrida, no sentimento
que se borda, lindamente, na solidariedade, na ajuda ao dividir o peso das
bolsas, dos sonhos e dos dilemas. Na sempre tentativa de tornar o outro mais
humano.
A
nossa busca pela plenitude se dá pelo amor. Se nos reinventamos é porque
construímos o amor na esperança e sua nunca morte. Esperamos o amor de nossos
sonhos porque selamos em nós o sentimento. A emoção de escolher o bem , de querer construir-se como homem de estirpe humana, que vê no outro
o seu reflexo. O amor capaz de inundar a
vida e agraciar-nos com a felicidade em sermos humanos.
* Texto publicado no Jornal Espírito Santo de Fato ( 27/09/2015)