É da
pre Vi
ci de
so dar
Trans nun
bor i
dar e
quarta-feira, 29 de março de 2017
A lâmpada dos sonhos
Sempre
acreditei que a educação era capaz de mudar o mundo e as pessoas. A escola era
o espaço ideal para que plantássemos esperanças e flores, para que um indivíduo
pudesse se perceber como um sujeito capaz de sonhar e realizar, o humano que
recriasse vidas e uma nova sociedade.
Comecei
bem jovem na educação, costurando minhas ações pedagógicas a novas concepções
de mundo e de humanidade. Gostava de criar cenários por meio de leituras,
produções e diálogos profundos que estabelecia com meus alunos. Para mim, o
conhecer era- e é- a coisa mais linda do universo; o conhecer que soa com
sentimento, com a emoção em trazer à luz o que permanece sombrio. “Todo o nosso
conhecimento se inicia com sentimentos”, já dizia Leonardo da Vinci, pois o homem
é parte de si mesmo e do outro, dos afetos construídos.
Passado
o tempo das expectativas não preenchidas, percebo que a educação é tão complexa
quanto à própria existência, que o sujeito é singular demais e que planos
traçados, constantemente, precisam mudar de rotas e ganhar outros contornos.
Não que deixei de acreditar, mas me vi, muitas vezes, em uma ilha ou, ainda, em
um mar bravio, tentando me salvar e nadar contra a corrente.
Tive
sortes, decepções, embates, alegrias que, embora achasse permanentes, eram
rareadas e de inconsistências, enfim, sofri dores e delícias ( ainda sofro) de
ser educadora, de caminhar com passos firmes com a proposta de vida de que a
educação é capaz de mobilizar o homem, tirá-lo do senso comum, fazer com que
pense “ fora da caixa”.
As
obviedades de um mundo cada vez mais covarde, doente e bárbaro me causavam
náuseas e recusas, pois um ser único, com particularidades, não pode ser vencer
por um espírito de manada, de ideias lineares e de perspectivas sem densidade.
É preciso afrontar neutralidades e anestesias que ignoram a beleza presente em
cada indivíduo, a riqueza sombreada que precisa vir à tona.
Mas
educar é preciso. E, anos e anos mais tarde, encontro-me nos pensamentos
suscitados em conversas com amigos de profissão, em reuniões, em leituras de
textos pedagógicos e opinativos sobre o fazer educativo, acerca dos ideais
construídos e implodidos por anos de profissão. E o que valeu a pena? O que me
fez continuar, embora tivesse tropeçado e chorado tantas vezes?
Em
uma aula de Língua Portuguesa, ao corrigir uma tarefa, um aluno lê o que
produziu na questão “...a escrita é o meio de imortalizarmos nossos pensamentos
e sonhos.” Neste momento, pego-me, novamente, acendendo a lâmpada dos sonhos e
iluminando a escuridão que tentava se fazer aqui dentro. Vi, nesta simples
tarefa, que nos mantemos vivos quando ensinamos e, mais ainda, quando
aprendemos com o outro. O conhecimento nos mobiliza e retira as poeiras de
nossas mesquinhez e perplexidades. Eu continuo acreditando na educação e na
poesia que habita naqueles seres da minha sala de aula.
quarta-feira, 22 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
Assinar:
Postagens (Atom)