Não
gostava que diziam coisas a seu respeito. Sempre preveniu suas palavras e
decretava sua capacidade acima da média. Gostava de pontuar até o último
instante e tudo que dissessem ao contrário incomodava até seus fios de cabelo.
Nada que revelassem alteraria sua percepção quase egoísta e arrogante sobre si
e o mundo que brotava ao redor.
Era
tudo caso pensado. Suas sentenças eram arrancadas de seu mundo particular e se
considerava a maior de todas as mulheres. Errava, desconstruía, perdia e
perpetuava, mas não aceitava o fato de ter frestas, haver lacunas em suas
ideias tão sugestivas. Soberbamente, era dona de si e de outros.
Era
de peso forte e alma inaugurada. Era de desejos e os alimentava. Mantinha-se em
sua condição de indivíduo à frente de qualquer tempo. Não acetinava expressões
de felicidade nem tão pouco de imponência. No amor, gostava de viver até o
último sentimento, até a última esperança. Mas, era de abandonar caso não
houvesse comprometimento.
Sua
maneira de encarar o mundo e seus dilemas a fazia resistente feito concreto
seco, feito tecido que não esgarça. Ela tinha sangue nas veias e aonde mais
coubesse. Não esmorecia expressões nem suas emoções mais nobres. Era acima de
suas suspeitas e de sua alma petulante.
Ela
carnalizava suas intenções mais nobres e sublimava suas ideologias. Era tantas
que mal cabiam em si, em suas partes nem sempre visitadas. Nada mais
intencional que ser ela mesma, em depositar seu olhar nas referências mais simples ou nas gentes
mais complexas.
Era
sua própria tendência, ditando suas modas e verdades quantas vezes se fizessem
precisas. Não era de catar migalhas, organizar o que sobrasse. Era de gloriar
suas conquistas e aclamar os universos recém-criados por ela. Ela, realmente,
se bastava.
Na
verdade, sua ilusão era acreditar que nada feriria seu instinto de mulher, nada
acorvadaria suas perspectivas e anseios. Querida, a vida está sempre nos
surpreendendo e dá muitas voltas.