As vaias e os aplausos!
Nestes últimos dias,
estamos vivendo cenários de guerra. Com excesso da palavra, é assim que
caracterizo as ambiências vistas. São situações lastimáveis que me causam dor,
raiva e perplexidade. Há muito tempo, vivemos um caos calcificado no cotidiano
das pessoas; que penetra a pele, o coração, a moral e a alma.
Sinto minhas mãos
trêmulas, meu corpo suar e minha alma se decompor por saber que estamos em um mar profundo,
bravio e que, por muito tempo, não há vista de terra. Temos na embarcação
gentes de todos os tipos; solidários, psicopatas; maquiavélicos; sorridentes e
confiantes, mas não conseguimos portar em terra, parar em uma ilha, sei lá.
Talvez, seja a palavra: não sabemos.
Assassinatos, descasos,
intolerância, desrespeitos, enfim, desamor com o sujeito, o indivíduo, o ser
vivo e humano. São tantos cortes, tantos tons de não cores, tantas violências
declaradas e veladas que entopem nossas vias respiratórias, nossas vias de
alegria e nossas utopias que, para nós, eram tão possíveis e reais.
Sei que minha escrita
ecoará em alguns, mas sei que não resultará na precisa e esperada resposta.
Mas, dizer é o começo de qualquer saída, alguma passagem que nos dê abertura
para um lugar menos mal. Estamos encharcados de um mal banalizado, como se
fosse uma não-cor expressiva em uma arte plástica, de uma acidez que corrói
estômago, paz de espírito e homens. E, acreditem, muito pouco, perdão por
utilizar o vocabulário, tem sido feito para mudar o quadro pintado com a tal
cor. Como diz Drummond, como viver o mundo em esperança se não conseguimos
alcançá-la? ( Viver)
Não vou sentenciar, aqui,
os últimos casos expressados nas mídias- são tantos e acontecem em todo o
planeta- pois o que desejo é incomodar para que não neguemos a necessidade
extrema de mudarmos nossa caminhada. Como diz Adriana Calcanhoto (Esquadros),
quero ser calo, a casca, a segunda pele para que repensemos o que estamos
fazendo conosco e aonde aportaremos.
São lamas, sangues,
imoralidades escorrendo entre nós e entupindo nossos ralos, casas e nossa fina
certeza de humanidade. E que humanidade? Tenho mais indagações do que
respostas; minhas equações estão sem soluções exatas. Os números e palavras
estão desencontrados, estabelecendo
parâmetros doentes . As pessoas estão emaranhadas em fios de injustiça, ausências e tristezas,
e o que causa cancros é não reconhecer
as possibilidades de se achar as pontas.
Estamos perplexos!
Culpados e vítimas existem como muita dor e amenidades. E o que virá depois do
último verso e do último choro? E o que faremos com as sujeiras depositadas e
com as lágrimas que insistem tocar os rostos? E o que disseminaremos? E
conseguiremos ressecar as aflições? Ou, quem sabe, sedimentá-las em profundos
solos para que não ousem encontrar-nos novamente?
São tantas interrogações
e abandonos. Tantos sentimentos e fazeres maléficos que necessitamos enterrar e
estancar. Sei que minhas dicotomias me consomem como também nos homens. Sei que somos capazes de aplausos,
mas as vaias têm prevalecido. Ainda bem que sou teimosa feito mula... sei que o bom sentimento, que
vence toda a dureza, entoará as nossas palmas(acredito!)
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