segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sorte de mulheres
Sempre escrevi sobre mulheres. Aliás, amo escrever sobre elas, até por que faço parte deste lindo universo. Tenho 34 anos e sempre fui responsável pelas minhas escolhas. Sou uma mulher independente, que busca, todos os dias, ser feliz e não permito que me digam o contrário.
Sou fruto de famílias matriarcas. Minha mãe, casada muito nova, para fugir de uma vida miserável, decidiu, ainda nova, construir seu futuro, longe de um casamento infeliz . Em plena década de sessenta, na qual nem existia o divórcio, era o “ desquite” , minha querida mãe decide que estava marcada para ser feliz e que aquele matrimônio acabara por roubar isso dela.
Claro que ela foi julgada, postulada de nomes indecentes, justamente porque escolheu ser feliz, continuar verdadeira consigo mesmo. Minha mãe é mulher de presença, “peituda” e corajosa para tudo; uma mulher “avant-garde”. Isso, claro, me cobre de orgulho, me mostra o quão importante é sermos felizes, mesmo que paguemos o preço, como eu já paguei.
Ainda, tive uma avó que teve oito filhos e era duramente espancada por meu avô junto com seus filhos. Levava uma vida de miséria, de ausência de comida, de amor, de dignidade, e, ainda, sofria com os desmandos de um homem infiel e que a batia constantemente. Pois, um dia, cansada de tanta opressão e violência, decidiu pôr fim a isso e, também, se separou, buscando, a seu modo, livrar-se de uma vida dolorida e reencontrar a paz e felicidade que tanto precisava. Orgulho-me disso! Orgulho-me de ter como minha ascendência mulheres que não se negaram.
Elas são minha referência para que eu não permita qualquer tipo de dominação ou sofrimento em minha vida. Assim, como elas, quero ser a condutora do meu presente e futuro, sendo corajosa e resistente, sem perder a doçura.
Junto a essas histórias que relatei, vejo a história da paquistanesa Malala que, mesmo após sofrer um atentado por querer um futuro diferente para ela e tantas que são subjugadas por um sistema patriarcal horroroso, passa a ser a voz das mulheres para que sejamos motivo de esperança, transformação e não de dor, violência e mortes. Graças a sua coragem, Malala foi condecorada com o prêmio Nobel da paz, em 2014.
Não é à toa que sou fascinada pelas histórias das mulheres. Não poderia ser diferente. Tantas Anas, Leidas, Simones, Malalas, tantas...que precisam ganhar vozes, pleitos, discursos para que o preconceito,a intolerância e a falta de afeto sejam banidos de nossas vidas e sejamos as responsáveis pela nossa felicidade. Não quero que mulheres engulam a seco os desmandos de um mundo imperialista e machista e que, para manter a “ordem” social e familiar, aceitam sofrimentos, rudezas e desamores. Nós, mulheres, somos muito mais. Obrigada, mulheres da minha vida, do meu país e do meu mundo! 



 
 

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