Sorte de mulheres
Sempre escrevi sobre
mulheres. Aliás, amo escrever sobre elas, até por que faço parte
deste lindo universo. Tenho 34 anos e sempre fui responsável pelas
minhas escolhas. Sou uma mulher independente, que busca, todos os
dias, ser feliz e não permito que me digam o contrário.
Sou fruto de famílias
matriarcas. Minha mãe, casada muito nova, para fugir de uma vida
miserável, decidiu, ainda nova, construir seu futuro, longe de um
casamento infeliz . Em plena década de sessenta, na qual nem existia
o divórcio, era o “ desquite” , minha querida mãe decide que
estava marcada para ser feliz e que aquele matrimônio acabara por
roubar isso dela.
Claro que ela foi
julgada, postulada de nomes indecentes, justamente porque escolheu
ser feliz, continuar verdadeira consigo mesmo. Minha mãe é mulher
de presença, “peituda” e corajosa para tudo; uma mulher
“avant-garde”. Isso, claro, me cobre de orgulho, me mostra o quão
importante é sermos felizes, mesmo que paguemos o preço, como eu já
paguei.
Ainda, tive uma avó que
teve oito filhos e era duramente espancada por meu avô junto com
seus filhos. Levava uma vida de miséria, de ausência de comida, de
amor, de dignidade, e, ainda, sofria com os desmandos de um homem
infiel e que a batia constantemente. Pois, um dia, cansada de tanta
opressão e violência, decidiu pôr fim a isso e, também, se
separou, buscando, a seu modo, livrar-se de uma vida dolorida e
reencontrar a paz e felicidade que tanto precisava. Orgulho-me disso!
Orgulho-me de ter como minha ascendência mulheres que não se
negaram.
Elas são minha
referência para que eu não permita qualquer tipo de dominação ou
sofrimento em minha vida. Assim, como elas, quero ser a condutora do
meu presente e futuro, sendo corajosa e resistente, sem perder a
doçura.
Junto a essas histórias
que relatei, vejo a história da paquistanesa Malala que, mesmo após
sofrer um atentado por querer um futuro diferente para ela e tantas
que são subjugadas por um sistema patriarcal horroroso, passa a ser
a voz das mulheres para que sejamos motivo de esperança,
transformação e não de dor, violência e mortes. Graças a sua
coragem, Malala foi condecorada com o prêmio Nobel da paz, em 2014.
Não é à toa que sou
fascinada pelas histórias das mulheres. Não poderia ser diferente.
Tantas Anas, Leidas, Simones, Malalas, tantas...que precisam ganhar
vozes, pleitos, discursos para que o preconceito,a intolerância e a
falta de afeto sejam banidos de nossas vidas e sejamos as
responsáveis pela nossa felicidade. Não quero que mulheres engulam
a seco os desmandos de um mundo imperialista e machista e que, para
manter a “ordem” social e familiar, aceitam sofrimentos, rudezas
e desamores. Nós, mulheres, somos muito mais. Obrigada, mulheres da
minha vida, do meu país e do meu mundo!
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