quinta-feira, 22 de outubro de 2015


Eu e Você

Em todos os amanheceres , visito nosso amor.
E, nele, deposito as mais lindas e perfeitas flores.
E, quando penso nesse sentimento,
Vem em minhas narinas um cheiro suave e inebriante, daqueles
que não desejamos esquecer.
Traço, neste amor, os mais audaciosos planos.
As mais ardentes e fortes sensações.
Recolho dele os mais encantadores versos e ,delicadamente,
repouso-os em mim.
Esqueço de me inventar para que sua imagem não se espace das
minhas lembranças.
E nesse desenho eu possa adocicar minha boca e meu corpo.
E que eu mastigue com gosto todas as nossas emoções.
O amor que não hesitei em sonhar trouxe o mais lindo dos
Seres; o mais perfeito plano de humanidade.
O amor nos humaniza e nos contempla,
Traz-nos sombra , nos assombra e envaidece.
Ele nos aproxima da verdade e nos emoldura.
Faz das malas prontas um novo começo.
E ,das velhas e remendadas vestimentas, tecido nobre.
Nosso amor têm perfume, flores, jardim bonito,
Quintal cuidado, casa quentinha, abraço confortável, de entrega,
E beijo que teimo sempre querer,
lábios que se amaciam ao seu toque.
Seu amor me traz para junto, me afaga as mãos,
Ao mesmo tempo que as fazem suar.
Amo seu cheiro, seus extremos e beiradas,
Seus cantos e sua essência, que sei jamais terem sidos
por ora, antes, visitados. Mas, é ali que me habito, refresco-me
e me encho de belezas e alegrias.
Da sua essência, meu amor, é que pude vir dos naufrágios,
ir a mares não antes navegados e superar passos doloridos no
deserto.
É nesse amor que te vi, príncipe, e meus olhos marejaram.
Gotas disseminaram em mim...e não pude guardar as lágrimas.
Você as guardou, encharcando seu lindo coração.
Mas, como canção de amor, sentenciou meu coração ao seu.
E, dessa guarda, com zelo e carinho, fez raízes e nascimento.
Renovação e redesenhos.
De um amor , que de tão forte, dói e não machuca.
Inflama sem causar danos.
Um amor que resiste às enchentes e aos desamparos,
que se recusa murchar e morrer.
O amor dado, sem moeda de troca,
sem divisões ou tolices,
sem resquícios e mesquinhez.
O amor de sempre.
O amor que é deleite.
Minha mais linda poesia.
Amo-te!

* Uma homenagem feita para alguém que me encanta e me  

faz perpetuar o amor.

















quarta-feira, 21 de outubro de 2015


Estrangeiros


Sinto- me estrangeira embora esteja no que dizem ser meu lugar.
Converto- me em vias noturnas e sem rotas designadas.
Vejo que, ainda que tenha mãos ao lado,
estou dizendo somente a mim mesmo.
Trocando recado, recitando versos,
cantando melodias que todos desconhecem.
Minhas sensações me afastam de ambientes já delineados.
Minha alma teima sair da carne.
Meu tempo nunca obedece às minhas fracas ordens
.
Estou na procura, no teste, nos pontos de interrogações.
Nem desejo apressar o que desconheço.
Tenho tato para identificar agulha nos palheiros.
E cheiro para os odores misturados ao ar.
Sou passageira, visitante e recém- chegada e pronta para organizar malas.
Queria ter porto, rodoviária... chegada
Mas, tenho olhos desprendidos.
Coração que se espalha
Abraços recíprocos
Desejo correspondências
Aperto de mãos
Sorriso coletivo
Perdões necessários.
Preciso de tantos espaços
mesmo que minha órbita e minha morada estejam
sempre em lugar nenhum.



quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O templo


Ensimesmada ao pé da cama,
salmodiava as insistentes orações:
se Deus carne habitasse meu peito, dizia,
seria uma mulher mais amável.
Sentia fel na boca e a língua provocava estalos
desses que parecem vocábulos.
Sua alma cheirando a fé
lacrimejava a insensatez de um mundo resistente
de gente que se deforma para caber nos vasilhames.
As pessoas estão barateando as gargalhadas e os choros de utopia.
Seus pedidos de espírito
deixavam sua voz mais frouxa
e seu coração um pouco firme.
Uma rigidez plantada para que respire o mundo.
Para que consiga desejar eventos banais.
E saiba melodias de frases achadas.
Ela não acreditava nas sentenças de efeito,
nem tão pouco problematizava promessas.
Seus encontros com os elos imaginários
e com suas aparecências
traziam para o canto de si mesma
um hemisfério mítico,
de santos e humanos,
de certezas refugiadas nos cantos bíblicos.
Na ausência de carnes, devolvia seu espírito
aos sermões do seu templo,
do contorno do corpo
que armazenava o sopro da vida.