segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Deseja-se amor mais próprio
para as tardes mal-amadas de domingo
e as manhãs preguiçosas de segunda.

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Procura-se emprego que
dê felicidade, manhãs azuis e 
que sustente corpo e alma.


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Vendem-se poesias tecidas fio a fio.
Cobra-se preço em rimas ricas e raras e
em gotas de belas palavras.


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Alugam-se ideologias recém-criadas
para os alienados de plantão
e as mentes minimamente inventivas.

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Vende-se coração endurecido,
amargo que causa dó ou
troca-se por amor que adoce a alma.


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Moço bonito, de sorriso doce,
deseja amor 
que inunde  o coração e a vida inteira.


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Moça bonita, de fino trato,
procura um amor
que a encha de poesia.

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terça-feira, 25 de outubro de 2016

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Meu caos diário


Há dias que os nervos fervem. O ônibus lotado, o trânsito que parece fotografia, tamanho estaticidade, as pessoas que nos esbarram em pleno calor e você, ali, fingindo possuir a maior das paciências ( o que não condiz com a realidade) para não transparecer seu estado de ira, de raiva em último grau. Por dentro, ferve-se tudo.
Pensa como seria bom se houvesse menos pessoas na fila que você precisa enfrentar -que penitência!- justamente na hora do seu almoço. Com fome, exausta, cheia de funções a serem realizadas ao longo do dia e a senhora graciosa ainda vem puxar assunto. Ou você se torna”obrigada” ouvir peripécias de uma jovenzinha ditas ao telefone em alto e bom som.
Nesta hora, são necessárias muitas sessões de respiração, ler aquele livro que sempre trago comigo na bolsa, inventando, assim, um bálsamo em meio ao caos do cenário urbano contemporâneo. Ler possibilita o corte do vínculo de tantas coisas e a costura de outras ligações também. O estresse acumulado de horas é resolvido em um relacionamento íntimo com a leitura, percebendo que o mundo é muito mais que uma fila ou a buzina ensurdecedora de um “educado” motorista.
O calor derrete suas ideias e faz de você um ser de cara cansada e sem grandes perspectivas de um dia feliz. O trabalho é outro momento árduo. A impressora quebra, o documento separado no dia anterior para posterior análise não se manteve armazenado no local de destino, seu colega de trabalho resolve acordar com a cara feia, zangado com o mundo e o ambiente se acinzenta, perde brilho e leveza.
O tempo não retira suas cascas, e o horário de partida perdeu-se em outro lugar. Não há como resistir. Você desconta no pobre vendedor de picolé que, por sinal, não tinha o seu preferido e o preço do gelado aumentou de novo, mas meu salário se manteve nos mesmos dígitos. Pobre de mim!
Disse umas verdades a ele. Não titubeei em reclamar do preço e da falta do meu picolé. Ele adoçaria um pouco este dia turbulento e amenizaria essa tendência a calor que tem a nossa cidade. Ele me olhou com olhos estupefatos, desculpando-se, é claro, haja vista eu ser uma cliente “das antigas”. Mas, neste dia, não desculpei. Fi-lo sentir que era o responsável pelo meu dia nefasto.
Acabei por me atrasar na saída do trabalho, procurando o tal documento. Em vão. Deixei para amanhã. Às vezes, é melhor deixar para amanhã o que não pode-nem deve- ser resolvido hoje. Novamente, o trânsito em guerra. Gente reclamando, pedestre que desconhece faixa, buzinas, semáforos que, tenho certeza, duram uma eternidade e eu no meio disso tudo.
Pensei nas minhas últimas férias, nos números da mega-sena que fiz o favor de não acertar, na poesia de Quintana, Adélia e Drummond que tanto amo, nas declarações simples e sinceras ditas pelo meu namorado que tanto fazem bem, pensei na alegria que encontraria em casa quando brincasse com minha bebê de quatro patas, pensei, pensei, e a ira, de alguma forma, neste momento, se abortava de mim.

Mas, lembrei de tudo que tinha que resolver no dia posterior, nas contas não pagas porque o dinheiro não deu, nas injustiças vistas rotinamente, no político que repete os agouros e dá para ver, na cara, sua imbecilidade e suas mentiras,porém, eleito, nas misérias que encobrem tantas vidas, na falta de amor e cuidado com o outro, nas crianças abandonadas. Tantas coisas ou a falta delas. E eu ainda tinha o amor de minha família e de meu moço bonito, nada mais justo que agradecer e respirar fundo porque amanhã seria mais um dia. 

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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Pronome possessivo



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Não dividia nada com ninguém. Como dividir o homem que desejava todos os dias com as mais indecentes das mulheres. Não poderia dividir seus pensamentos mais sórdidos com a amiga de trabalho. O que se teceria sobre ela? Como encararia o amigo da repartição depois de socializar seus mais tórridos segredos?
Sim, ela tinha a avareza impregnada na alma. Entre as frestas escapadas de seu corpo, entre os orifícios escapados de sua mente poderiam se revelar suas insanidades, seus devaneios tão precisos, seu espírito de posse, sua visão unilateral, sua não-vontade de dividir comida, dinheiro e sonhos. Seus sonhos eram preciosidades demais para dividir com o outro.
No amor, não aceitava devolução nem compartilhamento. Aquele que a queria e ela o mesmo era mantido, dentro de si, em clausura. Mas, insinuava para que o outro se mantivesse sob esta linha, pousasse seu raciocínio e coração nesta ideia. Nada de soltar pernas e olhares na rua e desse de escapar sorrisos para as belas raparigas. Nada de fugir de seu olhar contemplativo por alguns segundos. O que era dela era costurado em si.
Sua avareza a perseguia em suas andanças pelo seu mundo interior e dos outros em que insistia morar. Cabia tão pouco de si no homem que idealizou de seu, de sua propriedade sem escritura. Era de trejeito ignóbil, mas era provocativo nas palavras lançadas a figuras de seu interesse, conseguia alinhar desejo a certa simpatia. Ela não ignorava o que se podia denominar talento nato.
Assim, ela carecia de ser avarenta, egoísta, mesquinha. E era na sua mesquinhez que o dito amor sobrevivia. Faltava, mas ela supria os vazios na posse, na sempre tentativa de mantê-lo mais próximo possível, nos entornos dos seus dias. Ele era a sua falta de escape, a sua falta de tolerância, a brutalidade que sobrevivia nos seus sentidos.
Nada de desmanchar ou equacionar a liberdade no amor ou na vida que dá um jeito de sempre seguir. Não lhe permitia as mãos e os pés soltos, coração abastado a não ser que fosse com ela, somente com ela, para todo sempre com ela. Carcomia-se por todos os lados, soletrava as certezas mais improváveis e desafiava o direito de ir e vir de todos os mortais.
Sua avareza era sua forma de não se desgrudar da vida, de não se desintegrar diante de tantos caos e violências que imperam no cotidiano. A posse de seu homem, de seu tempo, seus escombros e desejos a permitiam acreditar que o amor é a grande danação, que dá para visitar todos nós. Um dia qualquer, ele costuma bater a porta e, caso não atenda, costuma pular a janela.





quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Corpos, fluidos e poesia







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Em êxtase,

dissemina o cheiro

pernoitam os corpos

disseca o desejo

invoca o toque

e suas impressões deixadas em comum acordo.

Reveem as mãos e os pés marcados.

O som permanecido.

A poesia dita nos delírios na soma dos votos.

Do que se profere enquanto somos apenas um.

Dos risos frouxos e dos olhares encontrados,

enfurecem os sentidos que se aproximam.

As águas que exalam

a alegria escondida no ambiente.

O ar que não nos cabe e, por vezes, sufoca.

As pernas que se esbarram

as outras partes que se veneram.

O ato da alma carnalizado

O alívio que nos torna gratos

O amor que nos sucumbe.

Em delírio, entregamo-nos a precisa poesia.

As palavras provocadas enquanto estamos.

Jorram de nós as inconstâncias

expurgam nossos medos

e elaboram os devaneios.

Inventamos despropósitos

e enlaçamo-nos.

Reinauguramos hemisférios e instâncias

criamos casos e embaraços.

desnudamos sensatez e certezas.

O visgo que engole o beijo

embriaga e revisita as partes entrecortadas.

O amor corporificado entre

fluidos que nos escapam.