terça-feira, 24 de novembro de 2015





Placebo 

Depois de muito tempo, dei para considerar. Acho razoável respirar e visitar o objeto novamente. Nada mais justo que dar um tempo a si mesmo. Ser maleável com impressões, falas, mesmo que imponderáveis, com raciocínios distantes dos seus e falta de certa sensibilidade. Antes, poderia entrar em histeria; rasgar o verbo e a roupa só para expressão, mas não vale o "drink", não compensa a tarde maldita que costuma ganhar noite adentro. É tão mais sugestivo se embebedar de tempo. Aparar recortes e sentar à espera de si. Sei que a placidez é pesada no início, mas vai ganhando marés, o vestido se ajeita ao corpo, o sapato se alarga e, nesta linha, ganham-se anos-luz de sobrevivência, menos dor de cabeça e gastrite. Tomam-se bem menos remédios e a ansiedade vai perdendo feições. Os efeitos da sociedade contemporânea vão se derretendo e a gente estende mais uns anos. E esses anos fazem uma falta; temos mais a gargalhar, contar aqueles casos bizarros inventados ou nem tanto, resplandecer mais nossos traços ao fim da tarde e viver as emoções de uma viagem já querida há anos. É deixar passar, não franzir muito a testa. Permitir que o seu trânsito se desafogue é vital para costurar as vivências. Lançar maiores dignidades ao que requer percepções e à alma é substancial para que não se desconstrua em medicamentos, áreas hospitalares e esperas vazias. Respeitar os planos de vida é dar garantia de felicidade, embora não tenhamos certeza de quase nada. Mas, não custa desfazer os nós e as gravatas, tirar o salto que incomoda e dançar bastante e descalço. Afrouxar os padrões diários e estreitar a relação da alma com o senhor tempo se constituem como “caráter de urgência.”

domingo, 22 de novembro de 2015

Por mais Sol na Janela

“ Acreditava que o respeito, de mãos com a tolerância, podiam realmente povoar o mundo e serem bem recebidos em todas as casas.”

O respeito é uma palavra oriunda do latim respectus, significando ação ou efeito de respeitar, considerar, cativando-me, mais ainda, o seu sentindo –em latim- “olhar outra vez.” Nesta linha, tolerância, vinda do latim tolerare, tem por semântica  suportar, aceitar. Duas palavras fundamentais para se viver em sociedade, não? Mas, não é bem isso que tem acontecido.
Logo, pensamos em intolerância referindo-nos aos atos terroristas, às últimas armadilhas maléficas do Estado Islâmico e demais radicais. Todavia, gostaria que pensássemos contextos ao nosso lado. Nos últimos dias, por exemplo, vi isso bem de perto. Nas redes sociais, um campo bem aberto, quase uma “terra de ninguém”, vejo que os ataques por expressar opiniões tornam-se um campo minado, com bombas ideológicas sendo lançadas para todos os lados.
Caso queira expressar sua opinião, será duramente “espancado” virtualmente, sendo humilhado e, o que é pior, suas ideias ganhando contornos de deturpação. Parece que as palavras desenham-se como cactos, facas e pontas capazes de incomodar, sangrar e doer. Claro que ofender o outro avança para o campo da intolerância, porém, expressar seus alicerces e afetos para o que for pode, abruptamente, tornar-se faca amolada e falácia tendenciosa. Isso muito me deixa perplexa! Indignada!
Como aparar arestas de democracia sob esses cenários? Como amenizar sentenças do mal, se não somos capazes de permitir que o outro diga? Mesmo que para nós seja um lamaçal, desde que não soe discriminação, é direito dizer, evocar, revelar. Já indicava George Orwell que “se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.”
Deixemos que o outro reitere seus dizeres e sopre seus ares. Nada mais insosso que não poder expressar suas emoções. Nada mais feio que não poder declarar seus afetos e pensamentos. Nunca se teve tanta produção de informação ( sem questionar, aqui, qualidade), mas nunca se transformou tantas flores em espinhos e se expiou por falar e escrever . Sei que isso revela nossos fracassos, medos, aridez e nossas fraquezas. Revela nossa pequeneza diante do diferente, do que, graças a Deus, é destoante a minha forma de pensar. Nada de monocromáticos!
Somos tão densos, coloridos, complexos e plurais. Logo, pensamos e somos verborrágicos como tais. Já dizia Pessoa que toda aproximação é um conflito. E somos esta força, este embate porque somos vida. É saudável o discordar, indagar e questionar, o que é maléfico são esses debates mesquinhos, insanos e de uma falsa-prepotência-inteligência. Tenta-se provar que a capacidade sobe degraus; que se alcança  o ápice do sabe porque supõe ter atingido a outra margem e o topo da montanha. Mas, aviso: é o maior engano de todos.
Somos perecíveis e temos acesso, parcialmente, às verdades. Ah, e o que é verdade? Sem intenções filosóficas e existencialistas. Fica como questionamento a cada leitor como forma de vencermos sempre a nossa ignorância e refutarmos todas as canalhices de preconceito e perversidades morais, étnicas e religiosas.
Sou dessas que plantam esperanças no quintal, regando e tratando a terra todos os dias. Ainda, acredito que flores de amor e respeito nascem nos terrenos baldios, nas estradas de chão e de asfalto, nas almas que estão adormecidas e doentes. Sei que os intolerantes são ervas daninhas, todavia, as boas raízes sobrevivem a elas, aos agrotóxicos, bem como aos insetos.
Sei que somos humanos demais, por isso erramos. Também sei que somos capazes de perdoar sem medida porque sonhamos e queremos mundos melhores para nós e nossa descendência. Queremos muito ter Sol invadindo janela e trazendo beleza para a nossa casa mais preciosa: o coração. Sejamos o que desejamos no outro. Salve o respeito! Viva a tolerância!






segunda-feira, 16 de novembro de 2015




As vaias e  os aplausos!
Nestes últimos dias, estamos vivendo cenários de guerra. Com excesso da palavra, é assim que caracterizo as ambiências vistas. São situações lastimáveis que me causam dor, raiva e perplexidade. Há muito tempo, vivemos um caos calcificado no cotidiano das pessoas; que penetra a pele, o coração, a moral e a alma.
Sinto minhas mãos trêmulas, meu corpo suar e minha alma se decompor  por saber que estamos em um mar profundo, bravio e que, por muito tempo, não há vista de terra. Temos na embarcação gentes de todos os tipos; solidários, psicopatas; maquiavélicos; sorridentes e confiantes, mas não conseguimos portar em terra, parar em uma ilha, sei lá. Talvez, seja a palavra: não sabemos.
Assassinatos, descasos, intolerância, desrespeitos, enfim, desamor com o sujeito, o indivíduo, o ser vivo e humano. São tantos cortes, tantos tons de não cores, tantas violências declaradas e veladas que entopem nossas vias respiratórias, nossas vias de alegria e nossas utopias que, para nós, eram tão possíveis e reais.
Sei que minha escrita ecoará em alguns, mas sei que não resultará na precisa e esperada resposta. Mas, dizer é o começo de qualquer saída, alguma passagem que nos dê abertura para um lugar menos mal. Estamos encharcados de um mal banalizado, como se fosse uma não-cor expressiva em uma arte plástica, de uma acidez que corrói estômago, paz de espírito e homens. E, acreditem, muito pouco, perdão por utilizar o vocabulário, tem sido feito para mudar o quadro pintado com a tal cor. Como diz Drummond, como viver o mundo em esperança se não conseguimos alcançá-la? ( Viver)
Não vou sentenciar, aqui, os últimos casos expressados nas mídias- são tantos e acontecem em todo o planeta- pois o que desejo é incomodar para que não neguemos a necessidade extrema de mudarmos nossa caminhada. Como diz Adriana Calcanhoto (Esquadros), quero ser calo, a casca, a segunda pele para que repensemos o que estamos fazendo conosco e aonde aportaremos.
São lamas, sangues, imoralidades escorrendo entre nós e entupindo nossos ralos, casas e nossa fina certeza de humanidade. E que humanidade? Tenho mais indagações do que respostas; minhas equações estão sem soluções exatas. Os números e palavras estão desencontrados,  estabelecendo parâmetros doentes . As pessoas estão emaranhadas  em fios de injustiça, ausências e tristezas, e o que  causa cancros é não reconhecer as possibilidades de se achar as pontas.
Estamos perplexos! Culpados e vítimas existem como muita dor e amenidades. E o que virá depois do último verso e do último choro? E o que faremos com as sujeiras depositadas e com as lágrimas que insistem tocar os rostos? E o que disseminaremos? E conseguiremos ressecar as aflições? Ou, quem sabe, sedimentá-las em profundos solos para que não ousem encontrar-nos novamente?

São tantas interrogações e abandonos. Tantos sentimentos e fazeres maléficos que necessitamos enterrar e estancar. Sei que minhas dicotomias me consomem como também  nos homens. Sei que somos capazes de aplausos, mas as vaias têm prevalecido. Ainda bem que sou teimosa  feito mula... sei que o bom sentimento, que vence toda a dureza, entoará as nossas palmas(acredito!)








                            


sábado, 14 de novembro de 2015

Envelheci!
Meus afetos ganharam umas rugas
ao canto do rosto.
Sinais que sinalizam que o tempo se vingou.
Mas, as marcas mostraram- se fortes.
Não deu tempo de sonhar e refazer alguns remendos.
Acordei de um passado que ainda amarga,
um pretérito que me traz sentenças.
Tenho sentido um estado letárgico.
E as horas têm me punido
com suas inconstâncias.
E, mesmo balzaquiana, sinto que os tempos escaparam das mãos medrosas.
Estou longe de mim mesmo a tantas dores.
Meu corpo tenta expurgar o corte.
E as lembranças criam uma dança contemporânea.
Queria estancar esta dura sensação.
Devia ter amputado os fantasmas.
Sei, porém, que minha condição menina- mulher-envelhecida deixa- os sentar no sofá e pedir um pouco do meu café.
Escondi minhas xícaras ganhadas e nunca postas à mesa.
Tenho receio de quebrá- las, pois há séculos quebrei muito coisa neste corpo em mutação.
Não quero subtrair meu solitário sorriso.
Jamais.
O envelhecimento dos desmandos da alma não atingirá, por insistência, o coração que quer cicatrizar.






segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sorte de mulheres
Sempre escrevi sobre mulheres. Aliás, amo escrever sobre elas, até por que faço parte deste lindo universo. Tenho 34 anos e sempre fui responsável pelas minhas escolhas. Sou uma mulher independente, que busca, todos os dias, ser feliz e não permito que me digam o contrário.
Sou fruto de famílias matriarcas. Minha mãe, casada muito nova, para fugir de uma vida miserável, decidiu, ainda nova, construir seu futuro, longe de um casamento infeliz . Em plena década de sessenta, na qual nem existia o divórcio, era o “ desquite” , minha querida mãe decide que estava marcada para ser feliz e que aquele matrimônio acabara por roubar isso dela.
Claro que ela foi julgada, postulada de nomes indecentes, justamente porque escolheu ser feliz, continuar verdadeira consigo mesmo. Minha mãe é mulher de presença, “peituda” e corajosa para tudo; uma mulher “avant-garde”. Isso, claro, me cobre de orgulho, me mostra o quão importante é sermos felizes, mesmo que paguemos o preço, como eu já paguei.
Ainda, tive uma avó que teve oito filhos e era duramente espancada por meu avô junto com seus filhos. Levava uma vida de miséria, de ausência de comida, de amor, de dignidade, e, ainda, sofria com os desmandos de um homem infiel e que a batia constantemente. Pois, um dia, cansada de tanta opressão e violência, decidiu pôr fim a isso e, também, se separou, buscando, a seu modo, livrar-se de uma vida dolorida e reencontrar a paz e felicidade que tanto precisava. Orgulho-me disso! Orgulho-me de ter como minha ascendência mulheres que não se negaram.
Elas são minha referência para que eu não permita qualquer tipo de dominação ou sofrimento em minha vida. Assim, como elas, quero ser a condutora do meu presente e futuro, sendo corajosa e resistente, sem perder a doçura.
Junto a essas histórias que relatei, vejo a história da paquistanesa Malala que, mesmo após sofrer um atentado por querer um futuro diferente para ela e tantas que são subjugadas por um sistema patriarcal horroroso, passa a ser a voz das mulheres para que sejamos motivo de esperança, transformação e não de dor, violência e mortes. Graças a sua coragem, Malala foi condecorada com o prêmio Nobel da paz, em 2014.
Não é à toa que sou fascinada pelas histórias das mulheres. Não poderia ser diferente. Tantas Anas, Leidas, Simones, Malalas, tantas...que precisam ganhar vozes, pleitos, discursos para que o preconceito,a intolerância e a falta de afeto sejam banidos de nossas vidas e sejamos as responsáveis pela nossa felicidade. Não quero que mulheres engulam a seco os desmandos de um mundo imperialista e machista e que, para manter a “ordem” social e familiar, aceitam sofrimentos, rudezas e desamores. Nós, mulheres, somos muito mais. Obrigada, mulheres da minha vida, do meu país e do meu mundo! 



 
 
Tão Clariceana


Não me faço de rogada. Costumo me traduzir em algumas tardes, representar coisas de Clarice (Lispector) e sei que amo com desatenção. E quase todos os dias me encho de tarefas para dizer que nada me faz falta. Tenho linhas exageradas e acho o amor uma espécie de clausura e permissividade. Um contorno de canalhices e bravuras. Tenho encontrado recompensas por conta disso, mas tenho cortes por todos os níveis do corpo. Esbravejo conquistas e digo verdades em confessionários. Sei das insignificâncias e das pluralidades. Permito tédios visitando meu lado como garantia de abandono. Como exatidão dos meus medos. É fórmula equivocada amar demais, é palavra embalsamada em doses de egoísmo e esperança. Pago, sem repreensão, meu preço. E o mercado tem andado caro demais. Deve ser crise de gente mal amada, alcançada e insegura. E aprendi acrescentar. Gosto de ver bolo crescer e não quero que o afeto sole. Sei que tenho imprevisibilidades. E que não apresento garantias. Sou poeta e trago palavras escondidas no bolso, nas bolsas, onde é difícil achar alguma coisa. Elas estão lá. Há dias que aprecio falá-las ou registrá-las sem encomenda. Meu amor costurei nos fonemas e nas rimas achadas. Sou de dizer aos berros e na maciez do ouvido. Tenho marés e sou de lua cheia escapando do céu. Sabe, seu moço, trago felicidade, também. Talvez, meio desafinada, e tão bonitinha. Seguindo a linha do meio ou nas precisões das calçadas. Correndo em maratonas e em passos cadenciados. Ser poeta, meu caro, é coisa de gente feliz, desajustada, e que ama em estado permanente.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015


Estrelas e Helenas

Helena nutria a encantada mania de apanhar estrelas. Por mais que o céu fosse profundo, denso e de difícil acesso, lá estava, nas pontas dos pés, pegando suas estrelas. Colava-as em seu vestido rodado e florido, pendurava nos seus cômodos coloridos, às vezes de cabeça para baixo, depositava debaixo da cama e sempre as levava para o jardim. Segundo ela, com seus pensamentos fugidos do comum, as flores sempre pediam.
Mesmo gostando de amanhecer, Helena mantinha essa história de amor com esses corpos celestes. E era intrigada por que elas não acompanhavam o Sol. Talvez, dizia ensimesmada, teriam receio do brilho ensurdecedor, do calor sem apaziguamentos e do excesso de luminosidade que as manhãs traziam.
Nessas indagações, era comum Helena não se importar com a noite. Sempre pensou nas escuridões deixadas em sua existência e nas perplexidades construídas. E via que existir era construir e tocar estrelas, de belezas raras. Acariciava, junto com os sonhos, um gosto purificado e necessário pela poesia e pelo amor que bradava  por esses astros de luz e calor próprios.
Para Helena, não havia distinção em escrever e ler poemas e retirar estrelas do céu. Parecia que tudo se misturava na sua condição de humana atrevida. Quando saía à rua, com estrela colada e gosto de poesia na sua boca linda, era olhada, estranhamente, e não compreendia o absurdo da humanidade.
Mas, não era de abaixar os olhos e lá seguia. Era costume gostar de visitar os locais que ninguém apreciava. Era costume sentir o que a humanidade inteira não entendia. Sabia ela da sua condição não linear. E descobriu, nas incertezas, o tanto de amor que carregava  e o fundamento disso. Seu mundo, acreditava, era artesanal, de espécie não comprovada, entre céus, estrelas e constelações.
Costumava também espreitar belezas acima das árvores e jardins e arquiteturas em construção. A beleza é fabricação inacabada. Gostava de construir palavras e ver os seus versos intermináveis. Admirava-os ininterruptamente. Por isso, sua danação teimosa de segurar estrelas. Alguma, com geometria, beleza e encanto, ainda estava por conseguir, delirava.

Helena e suas estrelas. Helena e sua poesia. Helena e seu gozo pelo não experimentado. “As estrelas gritam no meu corpo dourado e adocicado/ elas enobrecem o espaço que, por ora, era cinza e amargo, e me deram uma beleza/ E apanho-as para que minha alma respire.” Sua poesia que cobria o corpo e dilacerava sua alma estrelada era crescida para caber nela e nas outras partes, para se agigantar em meio às palavras. Ela acreditava que poesia sempre corria para o céu. E sempre haveria motivos e pretensões para se alcançar mais estrelas. Sua função de pegá-las duraria por tempo indeterminado.   

Texto publicado na Revista Cachoeiro Cult, ano IX, n°54 outubro de 2015.


terça-feira, 3 de novembro de 2015


O Moço que me encanta...

Moço bonito, por que fez festa no meu coração?
Fez tocar um tamborim dentro de mim.
Seu cheiro rodopia em minhas narinas
E encharca meu corpo.
Tô com febre
Misturando sensações porque me peguei pensando
nas suas mãos macias.
Tô rindo, até agora, com o seu retrato.
Com essa mania de ri só para mim
mesmo quando não está comigo.
Moço bonito, estou com vontade de apanhar estrela
Feito Helena de uma outra história que inventei.
Vontade de colá-las no meu vestido de rosas
só para você me ohar
e dizer que tô extraordinária.
Só para você me olhar!
Moço bonito, seu corpo samba no meu coração.
Meu peito vibra de orgulho porque disse que vinha,
mesmo se a chuva insistir.
Que vontade levada é essa de querer você grudado no meu suor.
De querer ver você raspando sua mão na minha
e selando nosso trato de beijo e de amor eterno.
Moço bonito, que desejo é esse de ouvir histórias de amor
só para me derramar e pensar naquela cena só nossa.
Lembrar dos textos que você rabiscou em mim
e resolveu também deixar marcado no papel.
Que amor é esse de querer sempre sábado
só para te ver e sorrir.
Que sorte a minha de ver minha parte de amor grudado no teu sorriso, no seu jeito de anunciar.
Tô lendo cartas de amor e muita poesia só para te contar
e te inflamar com vontade de dizer uma só para mim.
Moço bonito, você trouxe colorido para as  retinas.
E  flores para o meu quarto que tinha sido pintado de cinza.
Peço para meu moço, tão bonito e brilhante, que derrame constelações nos meus lençóis.
Peço, também, que grite meu nome por ai
como forma de eu existir.
Para que todos percebam o bem que trazemos.
Para que percebam que nosso amor não cabe  nos folhetins.
E que todo poema será pouco para arrancar a sua parte de mim.
Moço bonito, que me encanta e braseia.
Moço bonito, que traz asas para que a gente ganhe o céu junto.
Moço bonito, chegue sempre e me traz sorriso!
Moço bonito, você é tanto que , por gentileza e amor,coloque um tanto aqui
Para que eu te carregue todos os dias.

E te guarde nos meus versos e sonhos.









Moço bonito 
O meu corpo cheira 
Ao botão da laranjeira 
Eu também não sei se é 
Imagine o desatino 
O teu cheiro é de café 
Mas o meu cheiro é feminino 
É só cheiro de mulher 

Moço bonito 
O teu olho brilha 
Qual estrela matutina 
Eu também não sei se é 
Imagina minha sina 
É o brilho puro da fé 
Ou é só brilho feminino 
Ou é só brilho de mulher 

Moço bonito 
O teu beijo pode 
Me matar sem compaixão 
Eu também não sei se é 
Ou pura imaginação 
Pra saber, você me dê 
Esse beijo assassino 
Nesses braços de mulher
( Nara Leão)