quarta-feira, 27 de junho de 2012


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Sou todas...muitas...fragmentos..ausências...partes...antes...metades...completa!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Amor azulado


Hoje, escreverei uma carta de amor.
Amor que doura
Que azula
Que poetiza
Que me aguarda.
Desejo amor bonito
Não amor de quadro.
Desejo amor perto
Na beira de mim
Na construção da ponte
Na espera da janela
Serei grata
Trarei flores
Um pouco de chocolate
E versos de aconchego.
Segurarei o tempo
O estalo do beijo
A melodia
O contentamento.
E por ora triste
Darei pequenas porções de sossego
e partes de mim.
Não direi trechos inúteis
E nem casa pela metade.
Quererei morar junto
Com lua som e estrelas
Desse amor
Serei sua outros
Serei sempre.

Espaços

Esperando que a luz se acendesse, tentei me aprumar e olhar com distância aqueles versos, a lingüística que tomava conta do papel, da tinta pegajosa e fria que contornava as letras, as palavras sórdidas e solitárias. O escuro tomou conta dos passos , das  minhas mãos imperceptíveis e o paladar trouxe de volta o gosto das ameixas roxas. O roxo que habita meu armário, meus pés e a voz insondável dos versos. Caminhei pelo quarto, li e tive o desejo de idolatrar palavras e tempos que queria moldurar e manter sempre ali na parede. Contemplando-os, analisando seus  caracteres impressionistas, cubistas e fatalistas. Tentei me equilibrar e andar sorrateiramente nesse espaço do crepúsculo e desvão. Veio à mente poemas solitários que teimavam habitar nesse cenário. Tive vontade de mim. Piedade e ódio puseram-se ao meu corpo, sugando meus recortes narcisistas. Nesse momento, condensei tarefas da estirpe feminina e cortei o feto da angústia. Frestas de luz se aproximaram e pude, finalmente, olhar o espelho manchado e sujo. Limpei o rosto, pus vestido brilhoso e transparente, criei versos de contentamento e sentenciei meu caos. E a casa se acendeu.

Reparos

Naquela tarde, Joana tentava a construção de um novo espaço, já esquecido no sótão. Comprou objetos e reinventou entradas estratégicas. Não sabia se teria tempo para se recompor.
Pensava em inaugurar um jeito simples de entrar nesse cenário. Com os pés descalços, a alma úmida e o vento incorporado ao rosto, tinha quase certeza de que não poderia negar palavras e nem negar o sexo como forma de amar.
Olhou do quarto a porta, mas sentiu que ainda estava se preparando. Recebia mais de si e dos outros que ainda não conhecia.
Quero ser mulher mais bonita e perfumada e não abdicar de minha parte masculina.
Cantou modinhas e recitou, por opinião, os versos mais tristes. Pretendia não olhar para trás, mas viu que um dia só não daria conta. Resolveu, a gosto, penetrar de mansinho, mesmo com a intenção de mergulhar por completo.
Nesse momento, segurou o relógio e a idéia que a visitava. Colocou-a na cama, seduzindo-a como a amante balbucia  o desejo.
Ela aproximou-se dos cacos do espelho e ainda lembrou que logo chegaria o inverno. Era preciso fazer novas roupas e guardar as velhas. Sentiu o cheiro de naftalina e imaginou ser temeroso a entrega em um novo tempo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Maria ainda sonhava com uma tarde de sossego, um bom descanso para quem roubou dos dias todas as forças. Nomear ventos e pessoas não lhe garantiria sobrevivência e preparo para os insondáveis espaços.
Aprumar receios e conversas em compartimentos era uma ação cotidiana. Divagar por entre guetos era mais uma descoberta. Enfim, ela ainda agonizava. 
FERIDOS
CANSADOS
FRATURA
CORPOS
VERSOS
LÁGRIMAS
INCONSTANTE
TEMPO
SAUDADES
AGONIA
DESEJOS
INCERTEZA
VERDADES
INSANIDADE
TRAGÉDIA
SUCESSO
ESPELHOS
REVELAÇÃO
CORROSÃO
REFLEXOS
CORPOS
DEFLAGRADOS
DANAÇÃO
CAOS.

Nossos corpos

Serenamente, vagueio por regiões sombrias e sinto o azul se desmanchar por entre lençóis impalpáveis. Vejo o retrato apagado e a música  sondar meu espírito. Tiro os anéis, faço as unhas e acaricio o meu corpo. Desnudo o espaço descampado e realmente voo... o longo voo das criaturas abomináveis e amenas. Sensações se aproximam. E o pedido de perdão,
                                       de anseio
                                       de infinitude
distancia-se dos objetos marcados e novamente o azul pintou o cenário bronzeado.
Pousei sobre o tempo e desequilibrei as três partes do corpo.