segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Reparos

Naquela tarde, Joana tentava a construção de um novo espaço, já esquecido no sótão. Comprou objetos e reinventou entradas estratégicas. Não sabia se teria tempo para se recompor.
Pensava em inaugurar um jeito simples de entrar nesse cenário. Com os pés descalços, a alma úmida e o vento incorporado ao rosto, tinha quase certeza de que não poderia negar palavras e nem negar o sexo como forma de amar.
Olhou do quarto a porta, mas sentiu que ainda estava se preparando. Recebia mais de si e dos outros que ainda não conhecia.
Quero ser mulher mais bonita e perfumada e não abdicar de minha parte masculina.
Cantou modinhas e recitou, por opinião, os versos mais tristes. Pretendia não olhar para trás, mas viu que um dia só não daria conta. Resolveu, a gosto, penetrar de mansinho, mesmo com a intenção de mergulhar por completo.
Nesse momento, segurou o relógio e a idéia que a visitava. Colocou-a na cama, seduzindo-a como a amante balbucia  o desejo.
Ela aproximou-se dos cacos do espelho e ainda lembrou que logo chegaria o inverno. Era preciso fazer novas roupas e guardar as velhas. Sentiu o cheiro de naftalina e imaginou ser temeroso a entrega em um novo tempo.

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