Por mais Sol na Janela
“
Acreditava que o respeito, de mãos com a tolerância, podiam realmente povoar o
mundo e serem bem recebidos em todas as casas.”
O
respeito é uma palavra oriunda do latim respectus, significando ação ou efeito
de respeitar, considerar, cativando-me, mais ainda, o seu sentindo –em latim- “olhar
outra vez.” Nesta linha, tolerância, vinda do latim tolerare, tem por semântica suportar, aceitar. Duas palavras fundamentais
para se viver em sociedade, não? Mas, não é bem isso que tem acontecido.
Logo,
pensamos em intolerância referindo-nos aos atos terroristas, às últimas
armadilhas maléficas do Estado Islâmico e demais radicais. Todavia, gostaria
que pensássemos contextos ao nosso lado. Nos últimos dias, por exemplo, vi isso
bem de perto. Nas redes sociais, um campo bem aberto, quase uma “terra de
ninguém”, vejo que os ataques por expressar opiniões tornam-se um campo minado,
com bombas ideológicas sendo lançadas para todos os lados.
Caso
queira expressar sua opinião, será duramente “espancado” virtualmente, sendo humilhado
e, o que é pior, suas ideias ganhando contornos de deturpação. Parece que as
palavras desenham-se como cactos, facas e pontas capazes de incomodar, sangrar
e doer. Claro que ofender o outro avança para o campo da intolerância, porém,
expressar seus alicerces e afetos para o que for pode, abruptamente, tornar-se
faca amolada e falácia tendenciosa. Isso muito me deixa perplexa! Indignada!
Como
aparar arestas de democracia sob esses cenários? Como amenizar sentenças do
mal, se não somos capazes de permitir que o outro diga? Mesmo que para nós seja
um lamaçal, desde que não soe discriminação, é direito dizer, evocar, revelar. Já
indicava George Orwell que “se a liberdade significa alguma coisa, será
sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.”
Deixemos
que o outro reitere seus dizeres e sopre seus ares. Nada mais insosso que não
poder expressar suas emoções. Nada mais feio que não poder declarar seus afetos
e pensamentos. Nunca se teve tanta produção de informação ( sem questionar,
aqui, qualidade), mas nunca se transformou tantas flores em espinhos e se
expiou por falar e escrever . Sei que isso revela nossos fracassos, medos,
aridez e nossas fraquezas. Revela nossa pequeneza diante do diferente, do que,
graças a Deus, é destoante a minha forma de pensar. Nada de monocromáticos!
Somos
tão densos, coloridos, complexos e plurais. Logo, pensamos e somos
verborrágicos como tais. Já dizia Pessoa que toda aproximação é um conflito. E
somos esta força, este embate porque somos vida. É saudável o discordar, indagar
e questionar, o que é maléfico são esses debates mesquinhos, insanos e de uma
falsa-prepotência-inteligência. Tenta-se provar que a capacidade sobe degraus;
que se alcança o ápice do sabe porque
supõe ter atingido a outra margem e o topo da montanha. Mas, aviso: é o maior
engano de todos.
Somos
perecíveis e temos acesso, parcialmente, às verdades. Ah, e o que é verdade?
Sem intenções filosóficas e existencialistas. Fica como questionamento a cada
leitor como forma de vencermos sempre a nossa ignorância e refutarmos todas as
canalhices de preconceito e perversidades morais, étnicas e religiosas.
Sou
dessas que plantam esperanças no quintal, regando e tratando a terra todos os
dias. Ainda, acredito que flores de amor e respeito nascem nos terrenos baldios,
nas estradas de chão e de asfalto, nas almas que estão adormecidas e doentes.
Sei que os intolerantes são ervas daninhas, todavia, as boas raízes sobrevivem
a elas, aos agrotóxicos, bem como aos insetos.
Sei
que somos humanos demais, por isso erramos. Também sei que somos capazes de
perdoar sem medida porque sonhamos e queremos mundos melhores para nós e nossa
descendência. Queremos muito ter Sol invadindo janela e trazendo beleza para a
nossa casa mais preciosa: o coração. Sejamos o que desejamos no outro. Salve o
respeito! Viva a tolerância!
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