quarta-feira, 27 de abril de 2016

Foto de Simone Lacerda. Cheiros, ensaios e poesia.
Crença
Mantinha- se na clausura dos corações adormecidos.
Era costume entregar pra Deus o que era danoso demais e nem fazia questão de dar conta.
Tinha sentimentos que rasgavam a alma e sangrava, com bravura, o coração.
Acrescia oração a sua maneira de entender os problemas e acariciar as inconstâncias da vida.
Nada era grado de gente boa. Botava desconfiança nas esperanças postas em conversa de esquina ou de encontros de rua.
Se Deus quiser, respirava, terei tempo para cozer o feijão já separado, o desejo colhido de mansinho e o olhar encostado do amor de trinta anos.
Era muito tempo. Já tinha vencido muitos cortes , descascado batatas, limpado peixes e certezas esquecidas.
Sempre sonhou com o amor, baixinho, nos cantos da casa de parede rachada, de colchão que insistia doer as costas.
Cantava modinhas de menina recatada, criada para servir, para ser do outro.
Passou muito tempo, sussurrou.
Muitas respostas escaparam de suas ideias tão femininas e simples de depositar na vida.

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