sexta-feira, 15 de abril de 2016

Habito espaços em branco, rabiscando experiências mal resolvidas e inventando poesias e canções em pb.
Intensifico o peso das palavras, as falas orquestradas e os mal ditos de amor.
Redijo doses de audácia e acrescento metáforas às minhas formas de não dizer.
Silencio as promessas que não cumprirei e ecoo o que se mantém em hiato. Tenho náuseas das palavras rançosas, das esquecidas em cestas de pão e que, após pequeno tempo, dão bolores. 
Palavras com fungos se dissolvem rápido em corações endurecidos, com cascas grossas, de veias entupidas e olhares rasos.
Gosto de palavras em papel bonito, mesmo que amassados, mesmo picados, aspecto envelhecido ou resistente à escrita de traço largo, letra grande e escrita com lápis forte.
Desejo a poesia mais fina, temperada, passada em peneira, tirada das notícias improváveis e dos versos escondidos no fim da linha, no livro lido há décadas, naquela página já amarelada. A poesia que, por muito tempo, escapou de mim.

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