quarta-feira, 15 de junho de 2016






Sal da terra


Seiva bruta
que empodera a  terra.
Solo fértil que umidifica a alma.
Água bruta que inebria raízes
e transborda a vertente da esperança.
Chuva crua para o nascimento
das árvores brotadas de  belezas solares.
Sob folhas caídas que denunciam o ciclo
e reinventam hemisférios de metáforas.
Do líquido escorrido das águas resgatadas
dissolve a terra seca,
disseca o enraizado,
evoca o imponderável.
Do escorrido, perpetua-se o grito,
antes adormecido.
Inócuo ao barulho do silêncio.
Potente à surdez de todas as palavras.
Os frutos amanhecidos
solidificam o amálgama dos afetos e
determinam a resiliência dos dias.
Nas folhas, solos, frutos
crescem poemas nascidos e mortos.
Poesia espalhada nas sombras nos cheiros
nas noites sem lua,
nas tardes demasiadamente laranjas
e estrelas recém - chegadas.
Nos dias de ventos embebecidos
pelos rios trazidos de passagem,
o ritual das reconstruções,
dos alicerces virginais
parirão  homens e outonos.
Os rituais de vida
plantados em motes
de lirismos e poéticas
conceberão raízes vivas e apodrecidas
caule nobre e esguio
sementes e frutos inaugurados.
Seiva fértil que escorre nos corpos
e nas rimas
e encharca
o insondável.
 O abismal.
O delírio.
O gozo.
O impreciso.
O sal da terra.


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