quarta-feira, 12 de abril de 2017

Fênix


Dei para admitir que saudade é sentimento que cresce. E que esperança é o vislumbramento de um dia menos doído. Caço palavras que comportem emoções em meu peito para que tenha o que colher e ofertar como possibilidade. Nada de sacralizar o que não tem encantamento e propagar vozes ecoadas, sombras de um discurso, talvez.
Ter vontades de amor é a aversão do medo, da ausência que permanece sempre. Gosto de tornar-me afeto e desejo de quem busca um novo olhar e uma poesia que salte ao peito. De quem me desenhou por perto, mesmo que por horas ou por uma vida de tantas décadas.
Sou poeta de vocabulários e de desdizeres, do que é inaudito e costurado nas camadas do coração. Tenho perplexidades e lucidez, guardo receios e gosto de comungar com as linguagens, com o que é evocado quando se sente. Nada de camuflar sentimentos e do que pulsa aos berros na alma. É preciso dizer o que há possibilidade de ser sentido.
Não há vida e amores sem humanidade e existência, embora muitos só se permitem viver. Não se declaram e não se prescrevem. Não se delineiam nem tão pouco constroem. Não escolhem caminhos e não invadem fronteiras. Só ali, na beira, na espreita de um sentimento linear e vago.
Se há entraves, que perpassemos e sejamos tantos nós. Deixemos a verossimilhança e avancemos as vertentes, sejamos mais amor e tenhamos mais amor. Sejamos o que não propusermos ser e idealizemos em outros cenários, acreditemos no fomentado pela emoção, pelo acaso, tão importante para que desconstruamos o óbvio, a casca mofada, a fatura admitida na vida.
Tenhamos o poema reinventado de uma vida menos burocrática. Sejamos a voz e não coro. Negligenciemos o envelhecimento dos sonhos e das vontades. Desejemos mais e mais mil vezes. Abrilhantemos nossos olhares e sorrisos para o melhor de nós. Nada de orações sem afluentes e poética ressequida por espírito sem gozo. Nada de subterrâneos e departamentos. Deflagremos os vazios.

Agora, que tenhamos o desejo e o objeto. Vivamos, embora em desamparos, a alegria das chegadas e partidas, e a melhor manhã de todas. Cresça nosso jardim e nossos versos cadenciem uma vida repleta e cheia de inconstâncias. Uma vida que morra e nasça tantas vezes sejam   necessárias e importante.      


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