sexta-feira, 14 de abril de 2017

Poema feito para dizer o amor




Ela o esperava como todos os dias.
Acreditava que voltaria com a esperança saltando aos olhos e o coração em forma de sorriso.
As marés vieram, o Sol nasceu e se pôs,
a lua se colocou e tirou, imersa às estrelas.
Os homens noticiaram o começo e o porvir de tantas coisas; coincidências e revelações.
As mulheres se condoeram com os maus dizeres e as verdades arrastadas.
As meninas inventaram seu nome e decidiram qual seria seu melhor amor.
A violência e a paz desmistificaram suas origens.
Os discursos foram propagados e indecifrados.
E Ela o esperou.
Enegreceu o afeto.
Afastou- se da margem.
Inundou os olhos.
Elaborou velhos planos e casos.
E ele não voltou.
Não bateu na porta e nem lamentou.
Não decidiu viver em sobressaltos.
Nem quis revigorar o gozo.
Ele manteve- se na planície,
sem maremotos e curvas,
sem avessos e acasos.
Ela estava submersa em lembranças e toda sorte de desamor.
Ela manteve- se no escuso dos dias,
nos subterrâneos e subterfúgios dos indulgentes,
na balbúrdia configurada dos cenários.
E os cheiros esquecidos misturaram- se à poeira, ao vento que invadira a janela.
E não mais cabia o outro.
E, por ausência, houve o vazio, e, por espaço, houve a falta.
E não havendo ele, existiu, apenas, Ela.
Simone Lacerda

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