Estes dias, em uma
palestra em uma escola, fui indagada sobre o sentido da vida. Tal
pergunta realmente me fez pensar sobre o que tenho feito de bacana
nesta terra e de que forma tenho contribuído para que este mundo,
no qual habito, seja, substancialmente, melhor. Sem dúvida, fico
pensando que, como “ bons” mortais, devemos tocar em outras
existências.
Devemos
passar as frestas e chegar na essência daquele que é tão igual e
diferente a nós. Precisamos, com urgência, chegar ao outro, tocar
as mais preciosas esferas do coração. E isto não requer de nós
equações complexas ou achados de numerologia, apenas que sejamos
mais humanos, com menos máscaras e cascas.
Ter
empatia, ser altruísta, resiliente, amor ao próximo, generosidade
constituem ações de aproximar-se, permitir que a estrela vinda dos
olhos e pousada no coração apareça, resplandeça. Somos muito
especiais , carregamos muita poesia na nossa vida e história.
Cada
um traz consigo uma riqueza de vida, tantos desafios vencidos,
dilemas instaurados e ressignificados, alicerces vigorados, enfim, há
uma beleza no outro exclusiva e que, de forma ímpar, podemos trazer
à tona.
Sou
agraciada porque tenho a literatura, a arte que somente ganha corpo
e lindeza quando consegue atingir ao indivíduo, quando provoca um
estranhamento, uma sensação, indispensáveis para que
signifiquemos a vida e o nosso papel diante de milhões de pessoas.
Tocar
e permanecer naquele, sustentando sua alteridade, é indispensável
para que continuemos acreditar na esperança, para que continuemos
enfeitar as janelas com flores, para que o sol aqueça as mais frias
tardes e haja crença nas situações, ainda que soturnas.
A
admiração no humano e toda sua construção nos dão a
possibilidade de veredas e vertentes lubrificadas de respeito, amor e
persistência. O querer ao outro, o desejar bem e fomentar sua
expansão devem proliferar em nós, em nossas concepções de
humanidade. Sem isso, nossa condição de existir sofrerá de
raquitismo, e seremos, unicamente, ruínas e desertos.
É
isso! Precisamos viver no outro, habitar suas margens, reverenciar
suas matizes, poetizar seus universos. Na vivência alheia, plantamos
o melhor de nós, trazemos flores e árvores, livros e edições, tão
fantásticas que também mudam o curso de nossa história.
Respondendo quem me fez a pergunta acerca do sentido da minha
existência, acredito que minha vida requer, também, o sonho e a
mundividência daquele que me toca e mora em mim.
Lindíssimo texto. Parabéns pela escrita. Aproveito para te informar que o seu blog foi indicado ao prêmio The Mystery Blogger Award, confira neste link: http://www.entrelinhaseafins.com.br/2018/01/the-mistery-blogger-award.html
ResponderExcluirAbraços, Vitor!