A Felicidade do Conhecimento
Recorro sempre a um poema da “minha”
Adélia Prado quando, muitas vezes, pego-me frustrada ou descrente. Ensinamento
(poema) trata de algo mais puro e fino que o homem pode alimentar: o
sentimento. E é isso que sempre alinhou minha história, a escolha da minha
profissão. Tenho muito orgulho em ser professora, e também sei da gigantesca
responsabilidade em instruir, em revelar cenários e preparar os voos.
Rubem Alves dizia que há pessoas
que nos fazem voar, dando-nos vontade de ir às alturas e, nisto, vejo a figura
do professor. É nele que nasce nossa vontade de plantar flores, escrever
poemas, reinventar formas de felicidade, acreditar no improvável e ir acima das
nuvens. Por meio desta figura
emblemática e iconoclasta que nos encorajamos a abrir janelas e aprender a
voar.
Sem conhecimento, não há
sociedade que resista aos confrontos, aos embates e ao caos. Somos dependentes
do conhecimento para que se viabilizem a liberdade, o sonho, o desejo, o gosto
por viver. E somos conduzidos a ele pelas mãos do professor, pelo olhar daquele
que amplia nossa capacidade de ver, nossa capacidade de percepção.
Não desejo problematizar a
realidade dura deste profissional, que são muitas. Se pintarmos os espaços de
cinza, nunca veremos outras cores, e ensinar é profundamente alegre e colorido.
É provocar ideias, trazer à tona emoções, é dar ao outro a beleza de ser
humano, pois somos mais belos e humanos quando aprendemos.
“Educar é provocar a alegria de
pensar.” E pensar nos liberta do comodismo, do condicionamento, da opressão.
Pelo pensamento, inauguramos espaços e caminhos, até, então, nebulosos e
opacos, e nos libertamos do casulo.
Construímos experiências que nos desenharão como sujeitos e homens por toda a
vida.
E é o professor que conduz a
metamorfose, fomenta o olhar para além dos olhos. É pelo seu discurso que
reivindicamos um mundo de esperanças, de homens altruístas, de menos asperezas,
de menos medos, de menos pobrezas ( principalmente as intelectuais) e superficialidades.
Nele, construímos as pontes entre os homens e a sociedade, entre o pensar e o
fazer.
Ser professor é mudar sempre a
alma de casa, habitando naqueles seres que desejam também ver, além das
cortinas, das fotografias, dos quintais. É tornar os discursos e as ciências mais
vivos, mais significativos. Ser professor é oportunizar a aprendizagem pelo
afeto, é ser a felicidade do conhecimento.
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