quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Sei da minha condição humana inexata. Sei que arestas pontiagudas sobressaem do meu corpo, que, às vezes, inflamam, doem, febrilizam. Mas, tenho colhido flores e enfeitado minha casa com bom gosto. Sei que tenho ausência, por dias, de boa- menina, mas consigo preencher copos vazios.
A poesia reinclina em meu corpo e traz gosto de alegria. Tenho asas que me elevam e membros inferiores que me mostram o passo real. Não tenho grandes talentos nem desejo grandes moradias, dessas que consomem uma economia de uma vida inteira. Quero gargalhar de minhas covardias e audácias, desejo a sala colorida e meus contornos sentidos. Gosto de olhar por dentro, caminhar na quarta margem do rio e fincar, em terra fértil, meus vestígios de liberdade e esperança recém- chegada. Sou de canções de Chico, Tom, Elis e Milton, sou de prosa perambulando na poesia, sou de Drummond, Quintana, Lucinda, Adélia, sou de espírito com gosto de carne, sou humana inventada com lacunas, costuras e retalhos. Sei que não caibo em lugar- nenhum e tenho abscessos em muitas partes. Nada demais para quem precisa amanhecer sempre.
Desejo muitos amanheceres!!!!  Sejamos  espécie rara, sem catalogação.






















Um comentário:

  1. Por estas palavras, já é possível imaginar que lá vem coisa boa, em 2016. Principalmente que Simone Lacerda é um talento sem igual, menina habilidosa nas palavras, que nos encanta com seus textos... abração, menina, há muita página em branco esperando.

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